O cantor Gilberto Gil e familiares ingressaram com uma ação judicial contra o padre Danilo César, da Paróquia São José, em Campina Grande (PB), por supostos casos de intolerância e racismo religioso. A iniciativa foi motivada por declarações feitas pelo sacerdote durante uma missa, nas quais ele ironizou a morte da cantora Preta Gil e fez críticas à crença da família.
De acordo com informações do jornal O Globo, o padre afirmou que “os orixás não ressuscitaram” Preta Gil e acrescentou que “Deus sabe o que faz e sabe quando a morte é melhor para você”. As falas foram interpretadas pela família como ofensivas à memória da artista e à religião de matriz africana praticada por alguns de seus membros.
Além de Gilberto Gil e da esposa, Flora Gil, também assinam o processo os irmãos de Preta — Nara, Marília, Bela, Maria, Bem e José Gil — e o filho da cantora, Francisco. A família pede uma indenização de R$ 370 mil por danos morais. A ação ainda aponta que a reprodução do vídeo da missa nas redes sociais provocou uma onda de ataques e comentários preconceituosos contra religiões afro-brasileiras.
Segundo a publicação, a Diocese de Campina Grande já havia recebido uma notificação extrajudicial solicitando retratação pública e medidas disciplinares contra o padre, mas o pedido não foi atendido.
A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza também repudiou as declarações do religioso. O presidente da entidade, Rafael Generino, registrou boletim de ocorrência e afirmou que levará o caso ao Ministério Público. “A liberdade religiosa é garantida pela Constituição, mas isso não dá direito de atacar ou humilhar fiéis de outras crenças”, disse em nota.
Após a repercussão, o vídeo da celebração foi removido do canal da paróquia no YouTube, e o perfil do padre no Instagram saiu do ar. Até o momento, não há confirmação se a conta foi desativada voluntariamente ou suspensa pela plataforma.