Analfabetismo entre idosos negros cai em 11 anos, mas desigualdade ainda é alta

Estudo mostra avanço, porém diferença entre grupos permanece expressiva
Jéssica Gomes
Thiago Gadelha

A taxa de analfabetismo entre pessoas idosas negras (60+) caiu de 36% em 2012 para 22,1% em 2023, segundo levantamento do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) com base na PNAD Contínua. Entre idosos brancos, a redução foi de 15,4% para 8,7% no mesmo período. Apesar do avanço observado nos dois grupos, a distância entre eles segue elevada — de 20,6 para 13,4 pontos percentuais em 11 anos.

Para o conselheiro do Cedra, Marcelo Tragtenberg, o impacto dessa realidade ainda é alarmante. Ele afirma que o analfabetismo entre idosos negros prejudica diretamente a qualidade de vida e que são necessários novos esforços de inclusão.
Houve melhora, mas não sabemos se por motivo geracional ou pelo processo de urbanização. Seria importante uma busca ativa para matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e até incentivos específicos, voltados à população mais velha que não concluiu a escolarização básica”, disse.

Jovens têm cenário melhor
A pesquisa também identificou queda no analfabetismo entre jovens. Em 2012, a taxa era de 2,4% entre negros e 1,1% entre brancos. Em 2023, passou para 0,9% e 0,6%, respectivamente. A diferença entre os grupos diminuiu de 1,3 para 0,3 ponto percentual, com avanço mais consistente entre jovens negros.

Entre pessoas de 25 a 29 anos, houve redução em todos os recortes: a taxa caiu para 1,3% entre homens brancos, 2,8% entre homens negros, 0,7% entre mulheres brancas e 1,3% entre mulheres negras.

Faixa dos 30 aos 39 anos também mostra queda
Entre pessoas negras de 30 a 39 anos, o analfabetismo passou de 7% para 2,2% entre 2012 e 2023. Já entre brancos, caiu de 2,5% para 1,1%. Apesar dos avanços, negros em 2023 apresentaram índices semelhantes aos de brancos em 2012.

Diferenças persistem entre homens e mulheres
A taxa de analfabetismo entre mulheres negras acima de 15 anos caiu de 10,8% para 6,6% no período. Entre mulheres brancas, passou de 5,1% para 3,3%. Mesmo com a redução, a diferença entre os grupos segue relevante.

O mesmo ocorre entre homens: o índice entre negros caiu de 11,5% para 7,4%; entre brancos, de 4,8% para 3,4%. A distância diminuiu, mas permanece significativa.

O estudo reforça que, embora o país tenha reduzido o analfabetismo em todas as faixas etárias e recortes raciais, a desigualdade entre pessoas negras e brancas ainda é um desafio estrutural.

Compartilhe:

Últimas Notícias
Categorias