Um mar vermelho e branco tomou conta das ruas do Centro Histórico nesta segunda-feira (4) para celebrar Santa Bárbara, para os católicos, ou Iansã, para os adeptos das religiões de matriz africana. A festa, celebrada há oito anos pelo cônego Lázaro Muniz, começou logo cedo com a missa campal no Largo do Pelourinho, numa celebração ecumênica e com muita participação popular. Para 2023, o tema escolhido foi “Santa Bárbara, filha da Virgem Maria, fazei germinar em nós a esperança de um mundo mais humano, fraterno e igualitário”.
O diretor de Turismo da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Gegê Magalhães, conta que a festa de Santa Bárbara marca o início das manifestações de rua e de fé na capital baiana. “Essa mistura de religiosidade, da religião de matriz africana com a fé católica, é isso que Salvador representa. Temos os festejos de Santa Bárbara numa segunda com o Centro Histórico lotado, isso mostra a fé do povo mesmo em um dia de trabalho normal. E isso acontece em todas as festas, como Conceição da Praia, Senhor do Bonfim e Iemanjá. E todas elas prometem ser sucesso, com uma grande organização”.
Logo após a celebração, a imagem de Santa Bárbara seguiu em procissão, juntamente com as imagens de outros santos, a exemplo de São Miguel, São Jerônimo, São Cosme e São Damião, pelas Ruas Gregório de Mattos e João de Deus, passando pelo Terreiro de Jesus, Praça da Sé e descendo a Ladeira da Praça até o quartel do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), onde houve um momento de saudação à padroeira da corporação.
O subprefeito do Distrito Cultural do Centro Histórico, Humberto Sturaro, afirmou que é uma emoção muito grande ver o Pelourinho tomado por fiéis, em um clima pulsante. ”Temos que agradecer este momento. Turismo crescendo, segurança fortificada, com um choque de gestão, e logo depois de Santa Bárbara já teremos o nosso Natal”, lembrou.
Para o presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN), vinculado à Secretaria Municipal da Reparação (Semur), Evilásio Bouças, é muito importante que haja a interação entre as religiões. “Nosso povo é um povo que tem muita fé, e a fé nas religiões foi como conseguimos sobreviver às violências que a população negra sofreu todos esses anos. Juntando a fé católica com a de matriz africana foi o que nos sustentou para chegar até aqui. A festa é linda, Santa Bárbara é uma santa reverenciada pela própria história e Iansã é um orixá reverenciado pela sua força, é muita fé, alegria e emoção”.
Após a saudação no quartel do CBMBA, a procissão seguiu pela Avenida José Joaquim Seabra (Baixa dos Sapateiros), parando no Mercado de Santa Bárbara para saudar os filhos de Santa Bárbara e de Iansã que lá estão. Após este momento, a procissão retornou ao ponto de partida pela Rua Padre Agostinho Gomes.